quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Conflitos de se amar um país como o Brasil

Insiste em preponderar em grande parte dos corações brasileiros sentimentos contraditórios quando são chamados a declarar seu amor pela Pátria. Num país como o Brasil, repleto de corrupções, violências, falta de zelo e cidadania, a hora cívica é um momento conturbado para quem está para lá de Bagdá com tanto descaso.
Pois digo que não deveria ser assim. Infelizmente confundimos o país que temos com aquele que queremos e nos esforçamos todos os dias para fazer crescer. Só podemos nos orgulhar de sermos brasileiros estando cientes que temos maravilhas a cultivar. E temos mesmo, somos com frequência destaques no exterior, tanto no esporte quanto na criatividade tecnológica, nos avanços econômicos que aos trancos e barrancos efetivamente se consolidam e na forma afetosa como nos relacionamos com todos os povos. Falta muito, é verdade, mas o mar não é de rosas para nenhum país no mundo.
As coisas boas, porém, não nos esforçamos para lembrar aos nossos jovens. Tenho visto poucas manifestações de amor pela Pátria nos desfiles cívicos. Os protestos preponderam. Se forem formas de expressar que queremos um futuro melhor, ainda vá, mas muitas vezes parece mera desilusão. O problema é fazer com que as crianças vejam simplesmente este lado e cultivem um certo desconforto por empunhar uma bandeira brasileira. Aliás, onde estão os cartazes e bandeiras verde-amarelos com frases para a autoestima nacional? Cada vez mais raros.
Cadê o incentivo às bandas dos colégios, hoje praticamente extintas? Lembro com saudade do meu tempo de banda, que muito me ensinou sobre ritmo, senso musical, harmonia. Nunca associei banda com militarismo ou ditaduras como gostam de apontar alguns neuróticos da educação libertária. Banda ensina música, que, aliás, os colégios já estão sendo obrigados a assumir em seus currículos.  Eu sinto saudade nas horas cívicas daqueles poemas bem escrachados de amor por essa terrinha tão machucada, das crianças com bandeirinhas  do verde das matas cantando Eu Te Amo, Meu Brasil sem nenhuma conotação pejorativa por trás ( por que diabos sempre tem de haver uma?). Amor que não tem nada a ver com política, mas com essa gente trabalhadora que nos orgulha todos os dias. Somos - que pena! - tão abatidos com nossa história,  desmotivados das nossas conquistas.
Por que não podemos vibrar com esse país tão cheio de belezas ao menos uma vez por ano? Temos outros 364 dias para discutir e resolver nossos sérios problemas que nunca deveriam aplacar nosso amor pela Pátria, a Pátria que nos concede nossa identidade. Seria bom se nas salas de aula e nas salas de estar pudéssemos ouvir, além das críticas e da conscientização sobre nossos problemas, um pouco de saudável ufanismo por todas as nossas riquezas, valores e capacidade. Que tenhamos o direito de sermos estimulados a externar nossas felicidades nacionais sem vergonha ou medo, porque é essa força que vai garantir estar sempre acesa a chama da mudança nos corações jovens. Só amando verdadeiramente nosso país poderemos melhorá-lo.