terça-feira, 19 de abril de 2011

Prisões no ócio

Todo ser humano precisa trabalhar para ter dignidade. Sentir-se útil é, antes de mais nada, dar sentido à própria vida. Por ferir um princípio tão básico de nossa existência é que é incompreensível que presos não trabalhem no Brasil. Nesse caso, além de resgatar a dignidade, o trabalho torna-se a única forma de recuperação e reinserção à sociedade desses indíviduos quando isso é possível.
Exemplos não faltam. O presídio de Taquara foi considerado modelo no Rio Grande do Sul por ter uma infra-estrutura carcerária mínima e, principalmente, por dar condições de produtividade a seus detentos. Desde que começaram a fabricar chaveiros para uma empresa, não houve mais tentativas de fuga por lá. Então é de se imaginar os motivos que levam o Estado a deixar no ócio outros milhares de apenados quando é tão caro mantê-los. Trancados em uma cela o dia inteiro obviamente que só podem pensar em dar continuidade a seus crimes ou planejar rotas de fuga. Sabem que mesmo se cumprirem sua pena de forma correta serão segregados pela sociedade. Quem lhes dará um emprego quando sairem da prisão?
Por outro lado, presos que têm a chance de serem produtivos não apenas recebem a possibilidade de aprendem a dar valor ao trabalho como recuperam a esperança de encontrar um lugar ao sol assim que deixarem as penitenciárias. Também desoneram a sociedade do ônus de custear-lhe a estadia nas prisões e a manutenção de suas famílias que ficaram desprotegidas, causa de revolta para muitos cidadãos.
Mais do que qualquer outra pessoa, os presos necessitam trabalhar, pois é através de uma atividade produtiva que podem tornar-se efetivamente cidadãos. Sem isso, nossas prisões vão continuar sendo depósitos de gente sendo preparadas para a clandestinidade. Quem de lá sair, mesmo com boas intenções, será visto com temor e desconfiança pela sociedade e tem grandes probabiblidades de para lá retornar. Hoje o índice de reincidência ao crime no Brasil é de 70%, um dos mais altos do mundo. Prova do fracasso de nosso modelo prisional.

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