quinta-feira, 3 de março de 2011

O relógio do tempo e o INSS

A minha avó faleceu na semana que passou e eu ia falar das tantas coisas que encontramos em seu armário que ela nunca deixava ninguém mexer, como esse cinzeiro austríaco com abafador da década de 70, nada valioso mas curioso. Infelizmente o giro na roda do tempo me fez dar de cara novamente com a nossa dura e imoral realidade. E como eu sou de revoltar-me com os absurdos da vida e todos os seus aproveitadores de plantão me vi impelida a compartilhar com vocês a ganância do Estado Brasileiro contra os fracos. Parece fácil distribuir bolsa-família em troca de votos, mas corrigir injustiças não é com o governo. Explico: a minha avó faleceu no dia 21 de fevereiro e para nosso espanto o INSS, da qual ela era pensionista, nos informa que não vai liberar o auxílio referente a esses vinte dias em que ela esteve efetivamente viva!, só sob determinação judicial. Queridos, não aguento, não é possível! Quer dizer que o cidadão passa a vida contribuindo para essa maravilha da "in"seguridade social e no final, quando mais precisa, se vê obrigado a acionar a Justiça para ter o que deveria ser seu de direito. É público e notório que pensões e aposentadorias vão se desvalorizando com o tempo, pois os reajustes nunca garantem o valor real do salário com o qual o trabalhador se aposentou. E a gente aguenta, o povo se vira. Já seria um reconhecimento justo desse descaso histórico que o último salário da vida desse cidadão lhe fosse entregue integralmente independente do dia em que faleceu, pois caso o governo não saiba morrer custa caro. Mas nem isso: o INSS prefere referendar essa injustiça com louros - passa a mão até nos vinténs que o segurado tem direito, um crime contra o qual todos nós devemos nos indignar e cobrar uma mudança. Enquanto isso, além de não ficarem doentes, lembro a todos: não morram antes do final do mês!  

Um comentário: